quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Such is life

Agora é que dizem que afinal isto era a sério. Abriu-se a gaveta cheia de tralha: meias sem par, fotografias soltas, movimentos bancários, um cinto, os óculos à Lennon, uma t-shirt cheia de tinta. Antes "Arrumar" significava "Largar-naquela-gaveta", e de repente, já lá não há espaço. Claro que não, estamos a falar de um sistema fechado, de feedback positivo, sem capacidade de equilíbrio, fadado à extinção.
Não há motivo para guardar a maioria das coisas que guardo. Mas, quer dizer, também não existe motivo para as não guardar. Do nada, surgiu um: NÃO CABEM MAIS COISAS. Chegou altura de interiorizar um mecanismo de filtragem, há coisas que se podem fazer/dizer/guardar, outras que não.
E tem de ser, porque tem de ser, porque deve ser. Porque se não, não se chega lá. Perder duas, guardar uma: opções são inevitáveis.
Mas se nenhuma daquelas coisas tem utilidade, que critérios de filtragem é que é suposto uma pessoa adoptar. São todas feias, todas inúteis, todas antigas, todas outsiders, todas 'coisas'.
Arranjar mais gavetas! é isso, arranjar mais gavetas. E nunca aceitar que não poderão haver mais gavetas porque não haverá espaço para gavetas: Fazem-se gavetas, fazem-se espaços para as gavetas. Lá está, dedução primária.

Afinal isto não foi difícil.