segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Para o ano há mais

Antes não cabíamos todos: era apertado à mesa, era apertado na cozinha e no sofá eram todos ao molho, especados em frente à televisão à espera de ouvir " Welcome to Gateway, Leone..we've been waiting for you" . Mal conseguia acompanhar as legendas e tapava os olhos quando o Stallone tava a levar porrada, mas adorava aquilo, e adorava quando nós víamos e revíamos aquela cassete, porque era a nossa tradição.
Muitas coisas mudaram, as pessoas mudaram, o bolo rei mudou, o VHS foi-se. Vale o espírito natalício dos persistentes que vêm aquecer as mãos na mesma fogueira, que mudou de residência. Tudo mudou porque crescemos, porque o pilar se foi, porque se inventam desculpas encima da verdade crua. Mas ainda bem que nunca deixa de ser Natal e que nós nunca deixamos de ser uma família nem de tirar os frutos cristalizados do bolo rei. São dias de intensa actividade do pouco fazer, engordar um tanto, jogar umas cartas, um scrabble, tomar um café, aquecer os pés, contar umas piadas e voltar a comer. Têm-se assim umas conversas baratas que fazem rir o bacalhau, e comer outra vez. E o ponto alto até nem são os presentes, é depois fazer o sorteio umas 5 vezes (nestas coisas há sempre falhas) e a meio do ano se perderem os papeizinhos. É esse o espírito! Ver toda a gente com as bochechas vermelhas de calor quando lá fora faz frio, fazer uma batota de segunda, falar alto para a outra ponta da mesa, dar um abraço aqui e ali.
Volta e meia é Natal num fim de tarde quente de Verão ou num Domingo pachorrento em que nos encontramos por uma feliz coincidência e nos apercebemos que, afinal, o que importa nunca chegou a mudar.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Concisão

O problema com a felicidade é que as pessoas se acomodam, a coisa banaliza-se, e , consequentemente, é desvalorizada e deixa de ser felicidade. Por isso é que é efémera. Por isso é que o Mick Jagger diz "you can't always get what you want, but if you try sometimes, you might find that you get what you need" É um mundo de gente insatisfeita. A verdade é que quando somos fiéis a nós, sabemos que somos felizes...quando escolhemos um caminho sem o repensar e acabamos por nos surpreender. Quando se atira a moeda ao ar e as coisas não saem ao acaso porque há sempre desculpas- 'ah, bateu ali no canto'- para atirar de novo ou porque, convenhamos, o dinheiro não é de confiança. Mas nós somos. E no final das contas , sabemos exactamente o que queremos.
Sabe tão bem fazer as escolhas acertadas, para variar.
Qual destino, qual quê...podemos fazer inversão de marcha com uma pinta: Para onde ir não vem ao caso, vem ao caso rir sem motivo aparente, correr descalço, e, de quando em vez, sermos atingidos pela mania de criança de achar que tudo tem vida própria. Há que falar com paredes e que dormir no chão. Há que fugir. Há que sentir amor próprio a coçar o egoísmo.
Posso não estar a ser concreta, mas manifesto-me à margem de um mundo podre sob hipnose que jamais vai escutar os meus devaneios e erguer-se perante todos os mecanismos racionais que envolvem o ridículo da sua própria existência.
E a isso eu digo: fo#&-§€

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Encarando

Hoje puxaram o tapete
Debaixo dos meus pés
E não tenho ao que me agarrar
Até o (que eu achava ser) certo
Acabaram por me tirar
O próximo passo nem é importante
Quando nem há a quem culpar
Nem ao destino, figurante
Ou a uma transcendência elementar
E as lágrimas, nem sei de que fonte
Anseiam por jorrar
Acho que me levaram tudo
e nem me deixaram o chorar.

..Então vá, ..vamos todos, em massa, render-nos à evidência, ao fatalismo febril.
Tive uma epifania: somos pequenos ratos, brancos ou cinzentos, uns pretos outros ratazanas, que caminham bem encima de um rastilho que, pra dramatizar a coisa, está suspenso no ar. Quando nascemos alguém acende o lume na pontinha: não podemos voltar atrás e somos empurrados vá-se lá saber pelo quê, cobardia ou coragem, para no fim, BANG!
É claro que se aparecesse o Indiana Jones o caso mudava de figura, mas não, o Harrison Ford também é um rato, e sem chicote.

Há dias ocos, assim.

domingo, 31 de outubro de 2010

De nada vale o suor,
Nem o pó e o mofo,
Se não te sabes a ti
Nem te conheces o estofo
E como bússola desorientada
Segues os passos da manada
És arrastado nas teias
E deixam-te a alma abafada
Pelas coordenadas alheias
De gente mal direcionada

Não te percas sem razões,
Constrói atalhos e horizontes
Sem te esqueceres das pontes
Faz-te TU, sem intervenções
Fica atento aos empurrões
Fiel ao teu instinto
Ou nunca chegas a saber,
ao ficares fora do labirinto
Se te irias lá perder.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"God, I'm glad I'm not me!"

'There he lies, God rest is soul..and his rudeness. A devouring public can now share de remains of his sickness, and his phone numbers. There he lie.. Poet, Prophet, Outlaw, Fake, Star of electricity. Nailed by a peeping tom, who would soon discover... even the ghost was more than one person.'

rigorosamente nada

Se um dia eu acordasse com o disco rígido formatado e não houvessem paredes, não houvesse uma porta de entrada, se não existisse todo um trabalho levado a cabo por terceiros, a quem eu devo respeito, para dar uma forma consistente a um ser que não se define por si mesmo, como seria ? Finalmente, e segundo a ordem natural das coisas, descobriria eu o meu lugar? Nunca vou chegar a saber. Secalhar até voltava ao ponto exacto onde me encontro...same old, same old. O que me interessava saber, para além do nome da minha rua, era que rumo é que as coisas teriam tomado se tudo tivesse acontecido de outra forma. Não creio que exista destino, definitivamente, creio que existe o efeito borboleta, a causa-consequência, o nunca-mais-acabam-os-porquês-das-coisas-acontecerem. O que é facto é que tenho mais sorte que uns, menos que outros, que me calhou um satisfaz bastante na vida, mas que os meus multifacetados e incompreensíveis pensamentos não me permitem uma crença fixa num jeito de ser, de ver. Sei lá, é tanta coisa.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Seja a merda a fonte da arte

Pode ser dos sonhos,
Que alimentam o incerto
Ou dos devaneios
Que desfazem o concreto
Para alguns é da loucura,
Para outros tantos da amargura
Revoltados ou moribundos
Pescadores, defuntos
Felizes , poucos
HOMENS, muitos

Um pão faz-se tarte
Do medo nascem telas,
Da merda, ARTE

Nos peitoris das janelas
Nos tascos ao balcão
Será o pior dos dias
A maior fonte de criação ?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ficaram coisas por dizer, coisas por não dizer.. Mas tu sabes, não sabes? Sabes, pois. Se acreditaste eu também acredito, porque acredito naquela tua paz, naquelas tuas palavras, nas bolachas da tua lata, no barulhinho singular do teu rir, na tua família: Deixaste-me o maior legado de todos.
Ainda não me habituei ao teu não-estar, já muita água correu debaixo da ponte e entre as minhas pestanas, e mesmo assim faltas-me, levaste um bocadinho de mim, e eu fiquei com aquele vazio que até então só tinha ouvido falar nas novelas e julgava uma farsa como tudo o resto. Estava enganada.
Gostava que estivesses por perto, a preocupar-te com a hora da missa e com a comida sem sal, ali, na tua casa onde comíamos as castanhas , o bolo-rei e tudo o resto. Estamos todos crescidos, e ainda ninguém aprendeu a não ter-te.. acho que nunca vão aprender.
Há dias em que não estares por perto faz toda a diferença e cresce o fenómeno da união por estas bandas, é uma coisa boa, como se estivessemos todos do mesmo lado do jogo a , mas tu não estás lá, e então descobrimos o consolo no apoio mútuo e incondicional dos que ficaram e em quem mal tínhamos reparado. Temos saudades tuas,

Não te peço que voltes, antes que nunca vás.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

não sei bem o quê

Era de prever o orvalho, os arrepios de um frio cortante ao crepúsculo varrem-me as ideias e tomam de mim tudo aquilo que julgava ser meu, por natureza ou hábito, tudo o que parecia intocável, dado adquirido, foi-se. Despiram-me do que me definia e deixaram-me a nudez bruta de animal ao relento, gelada em tempo e espaço, ausente de mim própria, sem justa causa.
E é sem explicações.. sem mecanismos racionais, que procuro não sei bem o quê, não sei bem onde nem quando, para me vestir, para me fazer. E depois? Esperar que venha o mundo e me leve tudo outra vez? Não, não é o que quero.
Nasce assim, a partir da negação, aquilo que esperava encontrar numa esquina duma rua fedorenta ou num campo de trigo, e que acabei por construir e agora tenho por certo ser meu, veio de mim. Não é nada que alguma coisa me possa levar porque não há nada que tire o que me faz Eu.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sala de Espera

" A vida nem é ... (suspiro) é preciso é saber controlá-la, saber levá-la "

Enquanto se trocavam argumentos entre dois camaradas sobre se se deve ou não ingerir carnes vermelhas, o adepto "daquele peixe branquinho sem espinhas" chutou esta, e fez-se silêncio no meu cérebro.
Entre conversas de salas de espera de posto médico ouvem-se ricas coisas, e eu nem lá queria ir, aquele cheiro incomoda-me, as paredes brancas assutam-me de tão limpas, o que se safa sempre são os bate-papo dos mestres das salas de espera que já lá têm lugar cativo.
Primeiro desligo o iPod, faço-me distraída e chego-me mais para perto, à espero que me chamem "menina" : " Não é verdade , menina? Oh, o que é que a menina sabe disto, tá na flor da idade! Vai comendo o que lhe apetece, eu nem uma cabidelazinha !"
Da próxima vez que lá for, (espero que daqui a muito tempo) levo um baralho de cartas e jogamos uma sueca. Tanta boa disposição junta.
As Senhoras fixam os olhos na novela , segue-se os programa da Fátima Lopes que agora é do Figueira, e os Senhores falam de carne , de peixe, das horas a que passa a carreira e da vida. Olham-me como se eu ainda não soubesse nada, com aqueles olhos de "nem sabes o que te espera" , e não se estão a referir à pica que vou levar a seguir, nem à carne que um dia um estranho de bata branca me vai proibir de comer, estão a referir-se à vida que é preciso "saber levar". Mas depois tentam reconfortar-me, e chegam a reconfortar, aliás. Falam das coisas boas, dos netos, da vez deles que "já passou", em que não haviam telemóveis nem moças a andarem nuas pelas ruas, "Aquilo pra mim é nudez, menina!" . Chegam até a deixar-me falar, perguntam-me quem são "os jovens na minha camisola" , depois de várias tentativas de explicar quem eram os moços da Abbey Road, houve um que disse que achava que conhecia o de óculos porque o filho ou o neto tinha uma fotografia dele na parede.
Já tenho mais 3 amigos, sou quase camarada deles, a recruta mais nova, é certo, mas a mais esperta.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Momentânea e assustadoramente :

Há devaneios
Inconscientemente passageiros,
Mas Quando tudo parece possível
A berma da estrada
Não constitui uma alternativa

Recusam-se lágrimas,
Perdem-se motivos,
Abandonam-se paixões,
E brotam ilusões

O fatalismo dum caminho sem saída..
O fim certo,
Devolvem a razão ..!
Trazem de volta as lágrimas,
Eternamente Quentes,
A fechar o coração.

Choram as letras,
Mas nem tudo terá sido em vão.



Rodela de Limão 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Coisas da vida

Que as pessoas vão e vêm, já eu sabia, o que eu não sabia é que se podia chegar aqui um dia, cantar elvis com voz rouca e dizer umas coisas giras, beber e comer, familiarizar-se, deixar marca e depois ir embora, assim, a saber que tão cedo não vai haver contacto. E nem foto de grupo tiramos! Isto é mesmo uma merda.

Quando se fala nos primos e tios e trolhas e cães da França ou da Espanha, com aquelas matrículas amarelas e a falarem alto para toda a gente saber que são imigrante que vêm no Verão à festa da Terra é uma coisa. Isto foi completamente diferente. Não só eles vieram do outro lado do oceano, como conseguiram a proeza de me fazerem sentir saudades 3 dias depois. 1 dia depois, aliás. Porque na segunda-feira já a "blue suede shoes" não me saía da cabeça.

Estas coisas das pessoas aparecerem e desaparecerem faz-me uma tremenda confusão, eu nunca gostei de despedidas, mas o facto é que dizer adeus como se fosse um até já também dói quando sabemos que no fundo é um até ver (não me vês tão cedo) . Foi estranho o acordar no dia seguinte e perceber que o tempo passou mais depressa que um gelado, e custa quando me apercebo que a partir de agora vem o inferno. Vêm as bruxas, as vassouras, as sopas e os caldeirões, vai começar o freak show e eu não sei se me aguento encima da prancha, não sei mesmo, e se alguém me pudesse ajudar, eu não falava por meias palavras, e dizia que o meu problema talvez seja eu.

Seja como for, há que enfrentar a realidade, e estou de volta a ela.

Vagueando, até encontrar o que faz de mim eu, e virar as costas a essa menina.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Parede

Confiança não é o meu forte, o curioso é que mesmo não estando segura daquilo que vou fazer, faço, e volto a fazer se for preciso. As coisas estão estipuladas a acontecerem, eu sei previamente que vão acontecer, e só quando estão a acontecer é que percebo que me devia ter preparado para deixar acontecer. Honestamente não sei o que fazer, e falo por meias palavras, como sempre, porque sei que não vale a pena falar pelas palavras inteiras, porque não vou obter respostas. Não tenho problemas, não são problemas que precisam de ser resolvidos, são situações para as quais tenho de estar preparada para quando acontecerem e não espero que ninguém o faça por mim, mas não me apetece mesmo nada fazê-lo, depois corre mal, obviamente. Previsivelmente. Não há remédio, não há cura, faz parte. A diferença agora é que me vou arrepender, não tenho por hábito arrepender-me, mas agora é diferente, e eu tenho medo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Coisas de cinema

Tava a ver um filme, daqueles filmes que basta ver 5min e ja se sabe como acaba, do tipo :
Primeiro aparece o miudo novo
A passar despercebido e a ler BD
Depois aparece a miuda gira
E ele quer ser gente, nem sabe porqu
Tenta uma abordagem gaga pra lhe falar
E a loira boazona pasmada a olhar
Nao consegue entender o que o nerd quer contar
Depois entra o namorado
Um monte de caca musculado
Apologista do bullying escolar
Deixa o miudo-novo em soluços e ranho
Com dedos apontados, sem amanho
Depois de se ter queimado
Percebeu que o amor era fogo
E la se deixou estar, frustrado

O resto ja se conhece,
A 10 minutos do fim
A loiraça ve o puto, estremece
E dao um beijo no jardim

Fica sempre mal o bruta-montes ganhar
Ou um mafioso sair a roubar
Mas algures no meio
Ha sempre algum predio a estourar
E Se (nao) serve de consolaçao,
O que acontece nos filmes
So existe na televisao.

Agora, vou acbar de ver e confirmar a minha teoria. Isto faz Eu - 3 , Hollywood - 0

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tempo, tempo, tempooo

O algures anda por ai', e eu, sem acentos no teclado, fico a pasmacear enquanto o sol vai e vem a lua, enquanto se entra e sai da porta, e se dorme e se acorda. O mais 'infimo pormenor chama por mim e apela pra que nao o corrompa. Por mais que as vezes as coisas aspirem a mudar, fica sempre tudo exactamente igual, e eu ja nem sei o que quero, o que devo ou nao fazer, se mudo, se tento, se dou uma chance aos sonhos. E numa questao de segundos apercebo-me de que talvez isso se limita a acontecer nos desenhos animados, e as possibilidades desvanecem no nevoeiro, e volto a guarda-las na gaveta. Fica sempre, sempre , um resto de po' pra deixar a incognita. Vai mudar? Vai ser como quero? Vai?
Talvez. Como? Quando ? Onde?
Quando começo a racionalizar, estrago tudo, devo ter uma tara anti-sonharcomcoisasimpossiveis.
A verdade e' que pouco acontece , e eu pouco tenho para contar, por isso prefiro ouvir .
E' quando começa o ciclo: Ouvir, Fantasiar, Considerar, Racionalizar, Desvanecer, Negar.

Um dia ainda conto como foi a escalada, a viagem 'a boleia, o fim de tarde na California, O amanhecer nos Pirineus, a terra quente em Africa, alguma coisa do genero.
Ou naaaao,
Se continuar com isto, nunca mais acabo, porque o ciclo realmente da' cabo de mim. Sou tao frustrante que mete do.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Frustração Precoce

Chamem-lhe sonhos, taras, fetiches ou aspirações
E que não passem de ilusões
Eu vou sentar-me ali ao canto,
E revelar aos meus dias
Que o mundo lá fora
Não tem porte para utopias
Nem eu sumo de melancias
E um dia vou confessar
O que poderia ter sido
Se em vez de me sentar
Eu tivesse corrido
Enquanto havia tempo
Enquanto nada era perdido
E nada dado por vencido
E agora estou aqui
À espera duma metamorfose
Numa frustração precoce
De ânsias e possibilidades

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Um "baaah" bastante sentido

Entre muitas das coisas que me incomodam, como o tempo de espera quando se liga para alguém, (devo ter alguma espécie de toquedeesperófobia) a que mais me atinge é a minha falta de sensibilidade quando mais preciso dela, e a minha exagerada fragilidade/sensibilidade quando é preciso dar dois murros na mesa. Não sei... o meu lado tough só desperta para dar dois abanões nos amigos, para ser anti-social e pra dar lições de moral às pessoas, como se eu realmente fosse gente. É certo que a minha breve passagem pelo mundo, vamos pôr a coisa assim, em nada interfere na rotação da terra, é certo que no fundo não sou mais que o já conhecido grão de areia na praia, e que embora os meus actos possam causar um efeito borboleta nos que me rodeiam, nunca vai parar o Mundo, é um facto. E é também um facto que eu posso viver conforme me der , ou deveria ser um facto, do ponto de vista em que a sociedade já me pôs em cativeiro...de qualquer forma nunca acreditei no pai natal, quanto mais em liberdade. Sou livre, sim, posso ter um blog e dizer o que me apetece, posso andar na escola, posso isto e posso aquilo, mas andamos a confundir muito o posso com o devo, e mesmo lá no fundo, eu não faço aquilo que quero, e não é porque a minha liberdade começa onde a tua acaba, é porque estou aprisionada a uma sequência infinita de coisas que é suposto eu fazer, mas que não me agradam fazer, não é a felicidade tão importante como a liberdade? Sou livre de opções, sim , posso escolher clubes, partidos, bandas, cores preferidas, mas acabo por mesmo inconscientemente ser inflouenciada, pelo que devo ou não devo fazer, pelo que é bonito ou feio de se fazer. Se eu quiser ser livre sem incomodar ninguém consigo ser feliz. Então e porque é que não sou ? Porque as coisas me sufocam até me comerem viva, porque as coisas não me deixam viver, eu acredito que o homem pode atingir a felicidade, e não é a fazer aquilo que quer, é a fazer o que o faz feliz. E no fundo, o homem não é feliz quando faz mal aos outros ou quando interfere com a liberdade dos outros, só precisa de se encontrar e ver o que importa ver.
I'm still dreaming about a perfect world, mais uma coisa que me incomoda.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Devaneio

Há dias e dias.
Hoje foi um desses dias, entre tantos outros, em que faço aquele jogo de olhar pra cima e ver que afinal não estou aqui. Há coisas que me atormentam, que me afectam, essas coisas são normalmente as pessoas, toda a gente tem o dom de me fazer acreditar que sou feliz, e secalhar não sou.. estou naquela fase das dúvidas existenciais, quem sou eu, o que faço aqui, porquê, como , mas já são suficientes os dramatismos, basta de réplicas, queria protótipos, originalidade, é só o que peço, verdade! Ninguém tem de me agradar, ninguém tem de gostar de mim ou de me compreender, basta aceitarem-me, ainda não sou dependente de opiniões alheias, e espero que essa mania nao me pegue, mas irrita-me o facto de se rirem quando detestam, de apoiarem quando estão contra, porque raio é que me tenho de render à evidência ? Quem foi que disse isso ?
A mania das pessoas de fingirem começa seriamente a incomodar-me, ter uma desilusão em cada esquina, ter de escolher confiar ou não confiar, até podia dizer que sou ingénua, mas não sou, bem que me podia refugiar em mais essa coisinha, mas não sou do tipo que vive de idealizar um mundo. Há que aproveitar o que está. Se o que estiver for um monte de caca, fertiliza-se!

Hoje vi um Louco, se quisermos procurar, encontramos sempre um ou dois mesmo à nossa frente. Esses são os mais felizes, não por viverem num mundo que não existe, mas também não é por se conformarem. Cheira-me que é porque são os únicos que têm a capacidade de ver e criar com o que vêm, esses são super-heróis, são algum tipo de masterminds, fascinam-me tanto que quando crescer quero ser um. Se a loucura se banalizar, deixa de ser loucura, passa a ser normalidade. Era mesmo do que eu precisava. Disso e de uma melancia.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

desabafo

Um dia posso até chamar-te velhote, velho. Mas fica sabendo (ou não, porque tu não lês blogs) que gosto de ti. Não sei se já to disse, mas não me parece..não sou do tipo que diz, e tu sabes disso, porque eu sou como tu. Esta nostalgia vem de uma conversa daquelas que nao costumo ter precisamente por não gostar de falar, e é por não gostarmos de falar que estamos os dois caladinhos, que estás aqui ao meu lado, sentado no chão, de guitarra em punho, a inventar, como tu sabes fazer tão bem, e eu aqui a escrever-te num sítio estranho, desconhecido aos meus sentidos. Bem , e agora interrompeste-me : "ó nina, temos de comprar capacetes" essa tua estranha forma de interromper silêncios sempre me fascinou. É sinal de que estás longe e de repende acordas.. e o longe de agora eram os nossos passeios motards, hun ? Tens o dom de me fazer ver por onde é o caminho em vez de mo dizer: Mostras, não explicas. Porquê? Creio que é porque já mo ensinaste, afinal. Tens confiança em mim, acreditas que chego lá, porque, no fundo, os caminhos já mos explicaste todos. É mais uma das coisas que admiro em ti, a tua capacidade de bancar Mestre.
Quando me apanho a ser como tu, é qualquer coisa de fascinante...! Nem sabes como doeu ver-te chorar, atingiram-te, e foi quando percebi que me tinham atingido. Doeu. A fragilidade humana chega a ser irónica, basta um toque e tudo se descontrola, de repente, nao há nada que possas fazer, tu , que tinhas o mundo nas mãos ... ! A Natureza quebra o balanço das coisas quando quer, lá tem de impôr a sua superioridade e nós de nos submeter à sua vontade. Nem vou perguntar porquê, até porque não vou obter resposta, pelo menos resposta que realmente mate o inconformismo, a dureza da evidência.
O teu silêncio é-me quase tanto como tu. O teu assobio, então ...
É por isso que, se um dia, a Natureza quebrar o balanço das coisas entre nós, eu não só vou perguntar porquê, como vou esperar e esperar pela resposta.

De velho, nunca terás nada .

quarta-feira, 14 de abril de 2010

NovaNisto


Parece-me justo que a internet sirva para bloco de notas. Não que bata o que tenho na gaveta, de capa grossa e tinta viva, aí quando as lágrimas caem ficam, quando
me invade a revolta a revolta fica, quando risco por cima, as palavras ficam por baixo.
É o que me reconforta, o que penso agora e vou riscar a seguir nunca vai desaparecer, o que fui e o que sou estão juntos na mesma gaveta, e eu ando comigo de mão dada
a inspirar sol de inverno num campo de trigo a 100 km da realidade. É por isso que o meu bloco vai ser sempre o meu bloco, e que estas teclas não substituem o
cheiro da tinta fresca, porque eu não vou deixar de ser eu, como é que se deixa..? Há de mim em todo o lado .. !
Mas isto são só devaneios de quem desconhece a dureza da vida e do efeito borboleta que ela pode causar, quanto mais não seja a morte, mas quem não sabe da vida,
não deve falar de morte, é por isso que, pouco conhecendo de tais fenómenos, não sei o que procurar.







um bem haja,
aos felizes.