sexta-feira, 16 de abril de 2010

desabafo

Um dia posso até chamar-te velhote, velho. Mas fica sabendo (ou não, porque tu não lês blogs) que gosto de ti. Não sei se já to disse, mas não me parece..não sou do tipo que diz, e tu sabes disso, porque eu sou como tu. Esta nostalgia vem de uma conversa daquelas que nao costumo ter precisamente por não gostar de falar, e é por não gostarmos de falar que estamos os dois caladinhos, que estás aqui ao meu lado, sentado no chão, de guitarra em punho, a inventar, como tu sabes fazer tão bem, e eu aqui a escrever-te num sítio estranho, desconhecido aos meus sentidos. Bem , e agora interrompeste-me : "ó nina, temos de comprar capacetes" essa tua estranha forma de interromper silêncios sempre me fascinou. É sinal de que estás longe e de repende acordas.. e o longe de agora eram os nossos passeios motards, hun ? Tens o dom de me fazer ver por onde é o caminho em vez de mo dizer: Mostras, não explicas. Porquê? Creio que é porque já mo ensinaste, afinal. Tens confiança em mim, acreditas que chego lá, porque, no fundo, os caminhos já mos explicaste todos. É mais uma das coisas que admiro em ti, a tua capacidade de bancar Mestre.
Quando me apanho a ser como tu, é qualquer coisa de fascinante...! Nem sabes como doeu ver-te chorar, atingiram-te, e foi quando percebi que me tinham atingido. Doeu. A fragilidade humana chega a ser irónica, basta um toque e tudo se descontrola, de repente, nao há nada que possas fazer, tu , que tinhas o mundo nas mãos ... ! A Natureza quebra o balanço das coisas quando quer, lá tem de impôr a sua superioridade e nós de nos submeter à sua vontade. Nem vou perguntar porquê, até porque não vou obter resposta, pelo menos resposta que realmente mate o inconformismo, a dureza da evidência.
O teu silêncio é-me quase tanto como tu. O teu assobio, então ...
É por isso que, se um dia, a Natureza quebrar o balanço das coisas entre nós, eu não só vou perguntar porquê, como vou esperar e esperar pela resposta.

De velho, nunca terás nada .

Nenhum comentário:

Postar um comentário