terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sala de Espera

" A vida nem é ... (suspiro) é preciso é saber controlá-la, saber levá-la "

Enquanto se trocavam argumentos entre dois camaradas sobre se se deve ou não ingerir carnes vermelhas, o adepto "daquele peixe branquinho sem espinhas" chutou esta, e fez-se silêncio no meu cérebro.
Entre conversas de salas de espera de posto médico ouvem-se ricas coisas, e eu nem lá queria ir, aquele cheiro incomoda-me, as paredes brancas assutam-me de tão limpas, o que se safa sempre são os bate-papo dos mestres das salas de espera que já lá têm lugar cativo.
Primeiro desligo o iPod, faço-me distraída e chego-me mais para perto, à espero que me chamem "menina" : " Não é verdade , menina? Oh, o que é que a menina sabe disto, tá na flor da idade! Vai comendo o que lhe apetece, eu nem uma cabidelazinha !"
Da próxima vez que lá for, (espero que daqui a muito tempo) levo um baralho de cartas e jogamos uma sueca. Tanta boa disposição junta.
As Senhoras fixam os olhos na novela , segue-se os programa da Fátima Lopes que agora é do Figueira, e os Senhores falam de carne , de peixe, das horas a que passa a carreira e da vida. Olham-me como se eu ainda não soubesse nada, com aqueles olhos de "nem sabes o que te espera" , e não se estão a referir à pica que vou levar a seguir, nem à carne que um dia um estranho de bata branca me vai proibir de comer, estão a referir-se à vida que é preciso "saber levar". Mas depois tentam reconfortar-me, e chegam a reconfortar, aliás. Falam das coisas boas, dos netos, da vez deles que "já passou", em que não haviam telemóveis nem moças a andarem nuas pelas ruas, "Aquilo pra mim é nudez, menina!" . Chegam até a deixar-me falar, perguntam-me quem são "os jovens na minha camisola" , depois de várias tentativas de explicar quem eram os moços da Abbey Road, houve um que disse que achava que conhecia o de óculos porque o filho ou o neto tinha uma fotografia dele na parede.
Já tenho mais 3 amigos, sou quase camarada deles, a recruta mais nova, é certo, mas a mais esperta.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Momentânea e assustadoramente :

Há devaneios
Inconscientemente passageiros,
Mas Quando tudo parece possível
A berma da estrada
Não constitui uma alternativa

Recusam-se lágrimas,
Perdem-se motivos,
Abandonam-se paixões,
E brotam ilusões

O fatalismo dum caminho sem saída..
O fim certo,
Devolvem a razão ..!
Trazem de volta as lágrimas,
Eternamente Quentes,
A fechar o coração.

Choram as letras,
Mas nem tudo terá sido em vão.



Rodela de Limão 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Coisas da vida

Que as pessoas vão e vêm, já eu sabia, o que eu não sabia é que se podia chegar aqui um dia, cantar elvis com voz rouca e dizer umas coisas giras, beber e comer, familiarizar-se, deixar marca e depois ir embora, assim, a saber que tão cedo não vai haver contacto. E nem foto de grupo tiramos! Isto é mesmo uma merda.

Quando se fala nos primos e tios e trolhas e cães da França ou da Espanha, com aquelas matrículas amarelas e a falarem alto para toda a gente saber que são imigrante que vêm no Verão à festa da Terra é uma coisa. Isto foi completamente diferente. Não só eles vieram do outro lado do oceano, como conseguiram a proeza de me fazerem sentir saudades 3 dias depois. 1 dia depois, aliás. Porque na segunda-feira já a "blue suede shoes" não me saía da cabeça.

Estas coisas das pessoas aparecerem e desaparecerem faz-me uma tremenda confusão, eu nunca gostei de despedidas, mas o facto é que dizer adeus como se fosse um até já também dói quando sabemos que no fundo é um até ver (não me vês tão cedo) . Foi estranho o acordar no dia seguinte e perceber que o tempo passou mais depressa que um gelado, e custa quando me apercebo que a partir de agora vem o inferno. Vêm as bruxas, as vassouras, as sopas e os caldeirões, vai começar o freak show e eu não sei se me aguento encima da prancha, não sei mesmo, e se alguém me pudesse ajudar, eu não falava por meias palavras, e dizia que o meu problema talvez seja eu.

Seja como for, há que enfrentar a realidade, e estou de volta a ela.

Vagueando, até encontrar o que faz de mim eu, e virar as costas a essa menina.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Parede

Confiança não é o meu forte, o curioso é que mesmo não estando segura daquilo que vou fazer, faço, e volto a fazer se for preciso. As coisas estão estipuladas a acontecerem, eu sei previamente que vão acontecer, e só quando estão a acontecer é que percebo que me devia ter preparado para deixar acontecer. Honestamente não sei o que fazer, e falo por meias palavras, como sempre, porque sei que não vale a pena falar pelas palavras inteiras, porque não vou obter respostas. Não tenho problemas, não são problemas que precisam de ser resolvidos, são situações para as quais tenho de estar preparada para quando acontecerem e não espero que ninguém o faça por mim, mas não me apetece mesmo nada fazê-lo, depois corre mal, obviamente. Previsivelmente. Não há remédio, não há cura, faz parte. A diferença agora é que me vou arrepender, não tenho por hábito arrepender-me, mas agora é diferente, e eu tenho medo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Coisas de cinema

Tava a ver um filme, daqueles filmes que basta ver 5min e ja se sabe como acaba, do tipo :
Primeiro aparece o miudo novo
A passar despercebido e a ler BD
Depois aparece a miuda gira
E ele quer ser gente, nem sabe porqu
Tenta uma abordagem gaga pra lhe falar
E a loira boazona pasmada a olhar
Nao consegue entender o que o nerd quer contar
Depois entra o namorado
Um monte de caca musculado
Apologista do bullying escolar
Deixa o miudo-novo em soluços e ranho
Com dedos apontados, sem amanho
Depois de se ter queimado
Percebeu que o amor era fogo
E la se deixou estar, frustrado

O resto ja se conhece,
A 10 minutos do fim
A loiraça ve o puto, estremece
E dao um beijo no jardim

Fica sempre mal o bruta-montes ganhar
Ou um mafioso sair a roubar
Mas algures no meio
Ha sempre algum predio a estourar
E Se (nao) serve de consolaçao,
O que acontece nos filmes
So existe na televisao.

Agora, vou acbar de ver e confirmar a minha teoria. Isto faz Eu - 3 , Hollywood - 0

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tempo, tempo, tempooo

O algures anda por ai', e eu, sem acentos no teclado, fico a pasmacear enquanto o sol vai e vem a lua, enquanto se entra e sai da porta, e se dorme e se acorda. O mais 'infimo pormenor chama por mim e apela pra que nao o corrompa. Por mais que as vezes as coisas aspirem a mudar, fica sempre tudo exactamente igual, e eu ja nem sei o que quero, o que devo ou nao fazer, se mudo, se tento, se dou uma chance aos sonhos. E numa questao de segundos apercebo-me de que talvez isso se limita a acontecer nos desenhos animados, e as possibilidades desvanecem no nevoeiro, e volto a guarda-las na gaveta. Fica sempre, sempre , um resto de po' pra deixar a incognita. Vai mudar? Vai ser como quero? Vai?
Talvez. Como? Quando ? Onde?
Quando começo a racionalizar, estrago tudo, devo ter uma tara anti-sonharcomcoisasimpossiveis.
A verdade e' que pouco acontece , e eu pouco tenho para contar, por isso prefiro ouvir .
E' quando começa o ciclo: Ouvir, Fantasiar, Considerar, Racionalizar, Desvanecer, Negar.

Um dia ainda conto como foi a escalada, a viagem 'a boleia, o fim de tarde na California, O amanhecer nos Pirineus, a terra quente em Africa, alguma coisa do genero.
Ou naaaao,
Se continuar com isto, nunca mais acabo, porque o ciclo realmente da' cabo de mim. Sou tao frustrante que mete do.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Frustração Precoce

Chamem-lhe sonhos, taras, fetiches ou aspirações
E que não passem de ilusões
Eu vou sentar-me ali ao canto,
E revelar aos meus dias
Que o mundo lá fora
Não tem porte para utopias
Nem eu sumo de melancias
E um dia vou confessar
O que poderia ter sido
Se em vez de me sentar
Eu tivesse corrido
Enquanto havia tempo
Enquanto nada era perdido
E nada dado por vencido
E agora estou aqui
À espera duma metamorfose
Numa frustração precoce
De ânsias e possibilidades