quinta-feira, 28 de junho de 2012

É fodido
Quando se está perdido
Na garganta da letra

E depois piora
Quando, do nada
O texto evapora

Não é difícil adivinhar
O que virá com a aurora

Difícil será porventura entender
Se nos vai de novo foder
Ou se chegou a hora

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Such is life

Agora é que dizem que afinal isto era a sério. Abriu-se a gaveta cheia de tralha: meias sem par, fotografias soltas, movimentos bancários, um cinto, os óculos à Lennon, uma t-shirt cheia de tinta. Antes "Arrumar" significava "Largar-naquela-gaveta", e de repente, já lá não há espaço. Claro que não, estamos a falar de um sistema fechado, de feedback positivo, sem capacidade de equilíbrio, fadado à extinção.
Não há motivo para guardar a maioria das coisas que guardo. Mas, quer dizer, também não existe motivo para as não guardar. Do nada, surgiu um: NÃO CABEM MAIS COISAS. Chegou altura de interiorizar um mecanismo de filtragem, há coisas que se podem fazer/dizer/guardar, outras que não.
E tem de ser, porque tem de ser, porque deve ser. Porque se não, não se chega lá. Perder duas, guardar uma: opções são inevitáveis.
Mas se nenhuma daquelas coisas tem utilidade, que critérios de filtragem é que é suposto uma pessoa adoptar. São todas feias, todas inúteis, todas antigas, todas outsiders, todas 'coisas'.
Arranjar mais gavetas! é isso, arranjar mais gavetas. E nunca aceitar que não poderão haver mais gavetas porque não haverá espaço para gavetas: Fazem-se gavetas, fazem-se espaços para as gavetas. Lá está, dedução primária.

Afinal isto não foi difícil.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Tudo isto é perigoso

Digam, se não for feio, que as coisas não tem de acontecer. Digam que sim, quando é mesmo, porque tem de ser, é complicado, é duro, não vai ser bonito, mas vai ser, eventualmente. Protocolo, clichê, tentação. A hora em que as coisas são à séria, em que não se brinca. O resto fica pra trás, o tempero de liberdade tentei eu agarrá-lo, em vão, porque é pó por si só. E nada disto faz sentido, mas não é por acaso que é o caos. Let's give it a shot.
Nunca tive problemas, já tive coisas, aspirações a entraves, situações desagradáveis, espinhos incómodos, depois há os dilemas, e não são poucos, mas tudo isto junto não chega a ser problema, porque no fim o nó se desfaz, nada é permanente. Só que agora, uma vez que não se brinca, uma vez que não é chocolate ou morango, grande ou pequeno, calças ou vestido, estou um tanto ao quanto engasgada. Isto é o grande cruzamento. Vale que ainda não tenho de encontrar o meu lugar e o meu fado é rascunho em constante remodelação, coisa que me dá certa margem de manobra, porque a estrada é infinitamente rica em alternativas de rota. Such is life

sexta-feira, 3 de junho de 2011

semi espetacular

Quero pôr-me à prova
Sem tentar provar
Que padeço de alguma espécie
de mal singular
Ou que sou mais gente
se me estiver a lixar

É que este só estar
Este cómodo e não mais suportável estar
me consome e já não só enfada
Como me desliga de manhã
E, por isso, me encontro embalsamada

Culpa dos dias não será
Antes da minha fragilizada
capacidade para ficar exaltada
e me impôr, assim, do nada

E agora, isto vai acabar
porque o meu horizonte
vai mudar,
ó se vai.


desinocas

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Teoria da Conspiração

Há um problema com as coisas: coisas não desaparecem. Não são coisas com vida própria. Quando as coisas têm vida própria deixam de ser coisas. Comida é coisa. Mas coisas não importam, até porque desapareceu o almoço de alguém. E alguém tem vida própria, alguém come, alguém mexe. Comida não mexe, comida não foge, não se come uma à outra. . Desaparece o almoço da que vai trabalhar, culpa-se o insaciável esfomeado que chegou do trabalho, mas nunca ninguém se acusa, não há provas e ninguém sofreu uma indegestão. Vá lá, podes admitir que foste tu. Mas não fui eu, aposto que foi ela, estava a rir-se. Não, não fui! Então só podes ter sido tu! Nunca faria isso, sabia que era o almoço dela! Então foi ela :O Ah sim? Então e porque haveria ela de comer o próprio almoço e nos acordar às 6h da manhã dobrada em insultos porque não ia ter almoço? Claro que não, que estupidez. Pode ter sido o cão. Mas o cão está preso. (...) Procura-se almoço de uma pobre operária. Passam-se semanas, e nem vestígios. Se ao menos tivesses feito uma costoleta, teriam aparecido ossos. Facto é que são estas mesquinhices, estas aspirações a acontecimentos que nos ficam na memória a longo prazo. Porque quando a comida tem ossos, e nós não temos cão, eles estão algures.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Rescaldo

Loiras, morenas
Por todo lado,
Cenas quase obscenas:
Donas pipi,
Casaquinhos de Penas
Cabeças ocas.. centenas !
Longa espera = mente bloqueada
Ruído, baton,
Carros na estrada
Paz quebrada
Aqui só se vai em linha recta
Só se comem bolachas de dieta
Nuvens cinzentas: Prevê-se Abril
Em todo lado consumismo febril
Em bandos e manadas
Gentes dissipadas
Portas a fechar e a abrir
Encostei-me para não cair
Aqui tudo deixa a desejar

Preciso de AR

É tudo números
Nada gente
É o caos,
No seu estado sujo e permanente .



Desinês (com dores nas costas)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Nas palavras do eddie ..

...é exactamente isto que eu quero dizer:

Such is the way of the world
You can never know
Just where to put all your faith
And how will it grow

Gonna RISE up
Burning black holes in dark memories
Gonna rise up
Turning mistakes into gold

Such is the passage of time
Too fast to fold
And suddenly swallowed by signs
Low and behold

Gonna rise up
Find my direction magnetically
Gonna rise up
Throw down my ace in the hole

Eddie Vedder
RISE (Into the Wild)



Sem tirar nem pôr.