Há um problema com as coisas: coisas não desaparecem. Não são coisas com vida própria. Quando as coisas têm vida própria deixam de ser coisas. Comida é coisa. Mas coisas não importam, até porque desapareceu o almoço de alguém. E alguém tem vida própria, alguém come, alguém mexe. Comida não mexe, comida não foge, não se come uma à outra. . Desaparece o almoço da que vai trabalhar, culpa-se o insaciável esfomeado que chegou do trabalho, mas nunca ninguém se acusa, não há provas e ninguém sofreu uma indegestão. Vá lá, podes admitir que foste tu. Mas não fui eu, aposto que foi ela, estava a rir-se. Não, não fui! Então só podes ter sido tu! Nunca faria isso, sabia que era o almoço dela! Então foi ela :O Ah sim? Então e porque haveria ela de comer o próprio almoço e nos acordar às 6h da manhã dobrada em insultos porque não ia ter almoço? Claro que não, que estupidez. Pode ter sido o cão. Mas o cão está preso. (...) Procura-se almoço de uma pobre operária. Passam-se semanas, e nem vestígios. Se ao menos tivesses feito uma costoleta, teriam aparecido ossos. Facto é que são estas mesquinhices, estas aspirações a acontecimentos que nos ficam na memória a longo prazo. Porque quando a comida tem ossos, e nós não temos cão, eles estão algures.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
quinta-feira, 31 de março de 2011
Rescaldo
Loiras, morenas
Por todo lado,
Cenas quase obscenas:
Donas pipi,
Casaquinhos de Penas
Cabeças ocas.. centenas !Longa espera = mente bloqueada
Ruído, baton,
Carros na estrada
Paz quebrada
Aqui só se vai em linha recta
Só se comem bolachas de dieta
Nuvens cinzentas: Prevê-se Abril
Em todo lado consumismo febril
Em bandos e manadas
Gentes dissipadas
Portas a fechar e a abrir
Encostei-me para não cair
Aqui tudo deixa a desejar
Preciso de AR
É tudo números
Nada gente
É o caos,
No seu estado sujo e permanente .
Desinês (com dores nas costas)
quinta-feira, 17 de março de 2011
Nas palavras do eddie ..
...é exactamente isto que eu quero dizer:
Such is the way of the world
You can never know
Just where to put all your faith
And how will it grow
Gonna RISE up
Burning black holes in dark memories
Gonna rise up
Turning mistakes into gold
Such is the passage of time
Too fast to fold
And suddenly swallowed by signs
Low and behold
Gonna rise up
Find my direction magnetically
Gonna rise up
Throw down my ace in the hole
Eddie Vedder
RISE (Into the Wild)
Sem tirar nem pôr.
Such is the way of the world
You can never know
Just where to put all your faith
And how will it grow
Gonna RISE up
Burning black holes in dark memories
Gonna rise up
Turning mistakes into gold
Such is the passage of time
Too fast to fold
And suddenly swallowed by signs
Low and behold
Gonna rise up
Find my direction magnetically
Gonna rise up
Throw down my ace in the hole
Eddie Vedder
RISE (Into the Wild)
Sem tirar nem pôr.
terça-feira, 8 de março de 2011
Eu tenho O PODER
Apaguem isto
Está tudo ao contrário,
Não é assim, já devia ter visto
Vamos rever o itinerário:
Se tivesse ouvido o Bowie
Estava agora em Marte ?
Isto tá tudo mal
Façam-me aqui restart
Desligar e ligar
Sair e entrar
Voltar ao início, recomeçar
Desta vez, eu sou tu
Sou mais bonita e sensual
Mas, porra, tu és egoísta
E tens uma hérnia discal
Quero antes ser camionista
Ou uma cantora sentimental
Uma tosta mista,
O Pai Natal ?
Mas Mim sou assim
E meu génio, inóspito
Feito de couro e pó de pinheiro
Não quer outra fachada
E vai manter a morada
Cessem o astronauta e o trolha Arménio
Cesse tudo o que os rockstars cantam
Que Mim e o meu génio
Agora se alevantam.
(des)Inês
Março de 2011
Está tudo ao contrário,
Não é assim, já devia ter visto
Vamos rever o itinerário:
Se tivesse ouvido o Bowie
Estava agora em Marte ?
Isto tá tudo mal
Façam-me aqui restart
Desligar e ligar
Sair e entrar
Voltar ao início, recomeçar
Desta vez, eu sou tu
Sou mais bonita e sensual
Mas, porra, tu és egoísta
E tens uma hérnia discal
Quero antes ser camionista
Ou uma cantora sentimental
Uma tosta mista,
O Pai Natal ?
Mas Mim sou assim
E meu génio, inóspito
Feito de couro e pó de pinheiro
Não quer outra fachada
E vai manter a morada
Cessem o astronauta e o trolha Arménio
Cesse tudo o que os rockstars cantam
Que Mim e o meu génio
Agora se alevantam.
(des)Inês
Março de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
hipoteticamente falando
O amor é bem capaz de ser um meio de evasão que serve como desculpa para alguém se poder ridicularizar de quando em vez. Vi num filme que o amor não passa de uma "invenção capitalista feita por floristas gananciosos". São tantas as metáforas, tantas as comparações, tantos o "amor não se explica" que às vezes me ocorre que o amor é capaz de nem existir, ou é alta a probabilidade de ser mesmo uma invenção - e coisas dessas inventadas, nem sempre são fiáveis. Li que é errado pensar-se que a felicidade se encontra essencialmente nas relações entre pessoas, que a felicidade, ou a sua busca (já que também tem a sua quota parte de ilusão) encontra-se em tudo aquilo que nos rodeia, que é vivo, em que se tem fé. E muito boa gente lá tem fé no amor e até se diz feliz. Mas ele é tão banalizado, tão dado adquirido que chega a cheirar mal. Acredito, talvez, no amor fraterno, no apoio único e incondicional de um pai e uma mãe, os únicos que ainda me fazem acreditar que vai mesmo ficar tudo bem. De resto, são eles que moldam o meu valor, e apesar de não negar a minha descrença, aceito o facto de um dia o amor poder vir a acontecer comigo, só que o meu 'amor' pela vida e tudo o que isso implica vai ser sempre maior. Vai ser sempre maior a vontade de ser fiel, antes de tudo, a mim, e quem sabe um dia recolha ao meu canto, calejada, e seja feliz com o que conquistei.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Outra vez não
Não sei definir o que vai cá dentro. Lá fora parece tudo protocolo, sistemático, um levantar e voltar a cair frio e cruel, um golpe baixo e sujo e uma impotência asfixiante. Da primeira vez não doeu, mas ficaram marcas a longo prazo que me fazem sentir saudade do que não conheci, depois foi diferente, houve todo um processo de pré-conformismo que me deixou incoformada até ao dia em que aconteceu. Ainda não consegui entender como quiseram conviver com um facto sem ele ter ainda acontecido e quando, depois de tanta previsibilidade, realmente aconteceu, ninguém estava preparado e o chão fugiu-nos a todos. Falo da morte, sim, dessa besta insaciável à qual um dia gostava de ter a felicidade de ceder com o cabelo bem branco e um suspiro zen. Mas as coisas nem sempre são como idealizamos, e se os filhos não fazem a vontade aos pais porque raio vai a morte fazer-me a mim? Não somos donos de nada, nem da própria vida, e nunca há momentos oportunos para este 'tipo de coisa' acontecer. Não estou , nem quero estar, em fase de pré-conformismo, de aceitação.. por momentos achei-me fria e ausente, mas não, isto sou eu a querer que alguém viva, o que não é, propriamente, contra-natura. Já me tinha esquecido de como é ver o sofrimento por antecipação, amargo, enquanto eu me seguro a não sei o quê que me faz o choro leve e silencioso. O que vai cá dentro é uma esperança paciente e despida de ansiedade, à espera que voltes e me faças batatas fritas ensopadas em óleo ou assado no Domingo.
domingo, 9 de janeiro de 2011
(in)diferença
Não sei a quantas ando
Enquanto isso,
A vida vai mudando
Dois passos à minha frente
A levar a minha gente
E a trilhar o meu caos
Não sei os porquês
Mas estou bem com a mudez
Do mundo em bruto,
Pleno absoluto
Sei que demasiada impotência
Com tão pouca resignação
É um insulto à inteligência
De quem luta pela explicação
Mas sei também
Que às vezes chove no Verão
Que se chora, sem razão
E que ninguém
Passou por mim em vão
Enquanto isso,
A vida vai mudando
Dois passos à minha frente
A levar a minha gente
E a trilhar o meu caos
Não sei os porquês
Mas estou bem com a mudez
Do mundo em bruto,
Pleno absoluto
Sei que demasiada impotência
Com tão pouca resignação
É um insulto à inteligência
De quem luta pela explicação
Mas sei também
Que às vezes chove no Verão
Que se chora, sem razão
E que ninguém
Passou por mim em vão
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