Pode ser dos sonhos,
Que alimentam o incerto
Ou dos devaneios
Que desfazem o concreto
Para alguns é da loucura,
Para outros tantos da amargura
Revoltados ou moribundos
Pescadores, defuntos
Felizes , poucos
HOMENS, muitos
Um pão faz-se tarte
Do medo nascem telas,
Da merda, ARTE
Nos peitoris das janelas
Nos tascos ao balcão
Será o pior dos dias
A maior fonte de criação ?
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Vó
Ficaram coisas por dizer, coisas por não dizer.. Mas tu sabes, não sabes? Sabes, pois. Se acreditaste eu também acredito, porque acredito naquela tua paz, naquelas tuas palavras, nas bolachas da tua lata, no barulhinho singular do teu rir, na tua família: Deixaste-me o maior legado de todos.
Ainda não me habituei ao teu não-estar, já muita água correu debaixo da ponte e entre as minhas pestanas, e mesmo assim faltas-me, levaste um bocadinho de mim, e eu fiquei com aquele vazio que até então só tinha ouvido falar nas novelas e julgava uma farsa como tudo o resto. Estava enganada.
Gostava que estivesses por perto, a preocupar-te com a hora da missa e com a comida sem sal, ali, na tua casa onde comíamos as castanhas , o bolo-rei e tudo o resto. Estamos todos crescidos, e ainda ninguém aprendeu a não ter-te.. acho que nunca vão aprender.
Há dias em que não estares por perto faz toda a diferença e cresce o fenómeno da união por estas bandas, é uma coisa boa, como se estivessemos todos do mesmo lado do jogo a , mas tu não estás lá, e então descobrimos o consolo no apoio mútuo e incondicional dos que ficaram e em quem mal tínhamos reparado. Temos saudades tuas,
Não te peço que voltes, antes que nunca vás.
Ainda não me habituei ao teu não-estar, já muita água correu debaixo da ponte e entre as minhas pestanas, e mesmo assim faltas-me, levaste um bocadinho de mim, e eu fiquei com aquele vazio que até então só tinha ouvido falar nas novelas e julgava uma farsa como tudo o resto. Estava enganada.
Gostava que estivesses por perto, a preocupar-te com a hora da missa e com a comida sem sal, ali, na tua casa onde comíamos as castanhas , o bolo-rei e tudo o resto. Estamos todos crescidos, e ainda ninguém aprendeu a não ter-te.. acho que nunca vão aprender.
Há dias em que não estares por perto faz toda a diferença e cresce o fenómeno da união por estas bandas, é uma coisa boa, como se estivessemos todos do mesmo lado do jogo a , mas tu não estás lá, e então descobrimos o consolo no apoio mútuo e incondicional dos que ficaram e em quem mal tínhamos reparado. Temos saudades tuas,
Não te peço que voltes, antes que nunca vás.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
não sei bem o quê
Era de prever o orvalho, os arrepios de um frio cortante ao crepúsculo varrem-me as ideias e tomam de mim tudo aquilo que julgava ser meu, por natureza ou hábito, tudo o que parecia intocável, dado adquirido, foi-se. Despiram-me do que me definia e deixaram-me a nudez bruta de animal ao relento, gelada em tempo e espaço, ausente de mim própria, sem justa causa.
E é sem explicações.. sem mecanismos racionais, que procuro não sei bem o quê, não sei bem onde nem quando, para me vestir, para me fazer. E depois? Esperar que venha o mundo e me leve tudo outra vez? Não, não é o que quero.
Nasce assim, a partir da negação, aquilo que esperava encontrar numa esquina duma rua fedorenta ou num campo de trigo, e que acabei por construir e agora tenho por certo ser meu, veio de mim. Não é nada que alguma coisa me possa levar porque não há nada que tire o que me faz Eu.
E é sem explicações.. sem mecanismos racionais, que procuro não sei bem o quê, não sei bem onde nem quando, para me vestir, para me fazer. E depois? Esperar que venha o mundo e me leve tudo outra vez? Não, não é o que quero.
Nasce assim, a partir da negação, aquilo que esperava encontrar numa esquina duma rua fedorenta ou num campo de trigo, e que acabei por construir e agora tenho por certo ser meu, veio de mim. Não é nada que alguma coisa me possa levar porque não há nada que tire o que me faz Eu.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Sala de Espera
" A vida nem é ... (suspiro) é preciso é saber controlá-la, saber levá-la "
Enquanto se trocavam argumentos entre dois camaradas sobre se se deve ou não ingerir carnes vermelhas, o adepto "daquele peixe branquinho sem espinhas" chutou esta, e fez-se silêncio no meu cérebro.
Entre conversas de salas de espera de posto médico ouvem-se ricas coisas, e eu nem lá queria ir, aquele cheiro incomoda-me, as paredes brancas assutam-me de tão limpas, o que se safa sempre são os bate-papo dos mestres das salas de espera que já lá têm lugar cativo.
Primeiro desligo o iPod, faço-me distraída e chego-me mais para perto, à espero que me chamem "menina" : " Não é verdade , menina? Oh, o que é que a menina sabe disto, tá na flor da idade! Vai comendo o que lhe apetece, eu nem uma cabidelazinha !"
Da próxima vez que lá for, (espero que daqui a muito tempo) levo um baralho de cartas e jogamos uma sueca. Tanta boa disposição junta.
As Senhoras fixam os olhos na novela , segue-se os programa da Fátima Lopes que agora é do Figueira, e os Senhores falam de carne , de peixe, das horas a que passa a carreira e da vida. Olham-me como se eu ainda não soubesse nada, com aqueles olhos de "nem sabes o que te espera" , e não se estão a referir à pica que vou levar a seguir, nem à carne que um dia um estranho de bata branca me vai proibir de comer, estão a referir-se à vida que é preciso "saber levar". Mas depois tentam reconfortar-me, e chegam a reconfortar, aliás. Falam das coisas boas, dos netos, da vez deles que "já passou", em que não haviam telemóveis nem moças a andarem nuas pelas ruas, "Aquilo pra mim é nudez, menina!" . Chegam até a deixar-me falar, perguntam-me quem são "os jovens na minha camisola" , depois de várias tentativas de explicar quem eram os moços da Abbey Road, houve um que disse que achava que conhecia o de óculos porque o filho ou o neto tinha uma fotografia dele na parede.
Já tenho mais 3 amigos, sou quase camarada deles, a recruta mais nova, é certo, mas a mais esperta.
Enquanto se trocavam argumentos entre dois camaradas sobre se se deve ou não ingerir carnes vermelhas, o adepto "daquele peixe branquinho sem espinhas" chutou esta, e fez-se silêncio no meu cérebro.
Entre conversas de salas de espera de posto médico ouvem-se ricas coisas, e eu nem lá queria ir, aquele cheiro incomoda-me, as paredes brancas assutam-me de tão limpas, o que se safa sempre são os bate-papo dos mestres das salas de espera que já lá têm lugar cativo.
Primeiro desligo o iPod, faço-me distraída e chego-me mais para perto, à espero que me chamem "menina" : " Não é verdade , menina? Oh, o que é que a menina sabe disto, tá na flor da idade! Vai comendo o que lhe apetece, eu nem uma cabidelazinha !"
Da próxima vez que lá for, (espero que daqui a muito tempo) levo um baralho de cartas e jogamos uma sueca. Tanta boa disposição junta.
As Senhoras fixam os olhos na novela , segue-se os programa da Fátima Lopes que agora é do Figueira, e os Senhores falam de carne , de peixe, das horas a que passa a carreira e da vida. Olham-me como se eu ainda não soubesse nada, com aqueles olhos de "nem sabes o que te espera" , e não se estão a referir à pica que vou levar a seguir, nem à carne que um dia um estranho de bata branca me vai proibir de comer, estão a referir-se à vida que é preciso "saber levar". Mas depois tentam reconfortar-me, e chegam a reconfortar, aliás. Falam das coisas boas, dos netos, da vez deles que "já passou", em que não haviam telemóveis nem moças a andarem nuas pelas ruas, "Aquilo pra mim é nudez, menina!" . Chegam até a deixar-me falar, perguntam-me quem são "os jovens na minha camisola" , depois de várias tentativas de explicar quem eram os moços da Abbey Road, houve um que disse que achava que conhecia o de óculos porque o filho ou o neto tinha uma fotografia dele na parede.
Já tenho mais 3 amigos, sou quase camarada deles, a recruta mais nova, é certo, mas a mais esperta.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Momentânea e assustadoramente :
Há devaneios
Inconscientemente passageiros,
Mas Quando tudo parece possível
A berma da estrada
Não constitui uma alternativa
Recusam-se lágrimas,
Perdem-se motivos,
Abandonam-se paixões,
E brotam ilusões
O fatalismo dum caminho sem saída..
O fim certo,
Devolvem a razão ..!
Trazem de volta as lágrimas,
Eternamente Quentes,
A fechar o coração.
Choram as letras,
Mas nem tudo terá sido em vão.
Rodela de Limão 2010
Inconscientemente passageiros,
Mas Quando tudo parece possível
A berma da estrada
Não constitui uma alternativa
Recusam-se lágrimas,
Perdem-se motivos,
Abandonam-se paixões,
E brotam ilusões
O fatalismo dum caminho sem saída..
O fim certo,
Devolvem a razão ..!
Trazem de volta as lágrimas,
Eternamente Quentes,
A fechar o coração.
Choram as letras,
Mas nem tudo terá sido em vão.
Rodela de Limão 2010
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Coisas da vida
Que as pessoas vão e vêm, já eu sabia, o que eu não sabia é que se podia chegar aqui um dia, cantar elvis com voz rouca e dizer umas coisas giras, beber e comer, familiarizar-se, deixar marca e depois ir embora, assim, a saber que tão cedo não vai haver contacto. E nem foto de grupo tiramos! Isto é mesmo uma merda.
Quando se fala nos primos e tios e trolhas e cães da França ou da Espanha, com aquelas matrículas amarelas e a falarem alto para toda a gente saber que são imigrante que vêm no Verão à festa da Terra é uma coisa. Isto foi completamente diferente. Não só eles vieram do outro lado do oceano, como conseguiram a proeza de me fazerem sentir saudades 3 dias depois. 1 dia depois, aliás. Porque na segunda-feira já a "blue suede shoes" não me saía da cabeça.
Estas coisas das pessoas aparecerem e desaparecerem faz-me uma tremenda confusão, eu nunca gostei de despedidas, mas o facto é que dizer adeus como se fosse um até já também dói quando sabemos que no fundo é um até ver (não me vês tão cedo) . Foi estranho o acordar no dia seguinte e perceber que o tempo passou mais depressa que um gelado, e custa quando me apercebo que a partir de agora vem o inferno. Vêm as bruxas, as vassouras, as sopas e os caldeirões, vai começar o freak show e eu não sei se me aguento encima da prancha, não sei mesmo, e se alguém me pudesse ajudar, eu não falava por meias palavras, e dizia que o meu problema talvez seja eu.
Seja como for, há que enfrentar a realidade, e estou de volta a ela.
Vagueando, até encontrar o que faz de mim eu, e virar as costas a essa menina.
Quando se fala nos primos e tios e trolhas e cães da França ou da Espanha, com aquelas matrículas amarelas e a falarem alto para toda a gente saber que são imigrante que vêm no Verão à festa da Terra é uma coisa. Isto foi completamente diferente. Não só eles vieram do outro lado do oceano, como conseguiram a proeza de me fazerem sentir saudades 3 dias depois. 1 dia depois, aliás. Porque na segunda-feira já a "blue suede shoes" não me saía da cabeça.
Estas coisas das pessoas aparecerem e desaparecerem faz-me uma tremenda confusão, eu nunca gostei de despedidas, mas o facto é que dizer adeus como se fosse um até já também dói quando sabemos que no fundo é um até ver (não me vês tão cedo) . Foi estranho o acordar no dia seguinte e perceber que o tempo passou mais depressa que um gelado, e custa quando me apercebo que a partir de agora vem o inferno. Vêm as bruxas, as vassouras, as sopas e os caldeirões, vai começar o freak show e eu não sei se me aguento encima da prancha, não sei mesmo, e se alguém me pudesse ajudar, eu não falava por meias palavras, e dizia que o meu problema talvez seja eu.
Seja como for, há que enfrentar a realidade, e estou de volta a ela.
Vagueando, até encontrar o que faz de mim eu, e virar as costas a essa menina.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Parede
Confiança não é o meu forte, o curioso é que mesmo não estando segura daquilo que vou fazer, faço, e volto a fazer se for preciso. As coisas estão estipuladas a acontecerem, eu sei previamente que vão acontecer, e só quando estão a acontecer é que percebo que me devia ter preparado para deixar acontecer. Honestamente não sei o que fazer, e falo por meias palavras, como sempre, porque sei que não vale a pena falar pelas palavras inteiras, porque não vou obter respostas. Não tenho problemas, não são problemas que precisam de ser resolvidos, são situações para as quais tenho de estar preparada para quando acontecerem e não espero que ninguém o faça por mim, mas não me apetece mesmo nada fazê-lo, depois corre mal, obviamente. Previsivelmente. Não há remédio, não há cura, faz parte. A diferença agora é que me vou arrepender, não tenho por hábito arrepender-me, mas agora é diferente, e eu tenho medo.
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